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domingo, 17 de janeiro de 2010

Fantasias de Carnaval

Eu todos os anos me fantasio no Carnaval.

Uma vez vesti-me de minhoca com um fato que me emprestou uma amiga da minha mãe. Fui buscá-lo uns três dias antes do começo dos festejos. Vinha numa grande caixa, todo embrulhado em papel de seda. Quando a abri e arredei o papel, os meus olhos ficaram lá presos... Era vermelho e todo bordado a verde, a amarelo, a azul e a rosa.

O avental dizia «amor» a ponto de cruz. O colete era de veludo, todo coberto de lantejoulas coloridas. A blusinha era só folhos, refolhos e trefolhos.

O lenço era vermelho e estampado de flores. E os cordões? E as arrecadas? E os corações ao pescoço?

Pensava que morria de tanta felicidade. Quase não dormi de noite e todos os dias o espreitava, ansiosa pelo momento de poder enfiá-lo.

O dia chegou. E lá vou, solta como um passarinho, ao encontro das minhas amigas. Mas a meio do caminho, o que é que aconteceu? Salta-me um cão e espeta-me uma mordidela tão farta na roda da minha saia que logo me deitou abaixo metade dela.

Fiquei louca. Podem crer. O meu lindo fato, que nem era meu, ali de saia esfarrapada.

As lágrimas eram tantas, tantas, que pus as mãos nos olhos para ninguém me ver chorar e voltei correndo para casa. Mas a minha mãe conseguiu remediar tudo, até o meu desgosto.





Maria Natália Miranda

Livro "Caminhar 4º Ano"

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